Pular para o conteúdo

2023 | Químicos transformam resíduos plásticos em barras de sabão

Químicos transformam resíduos plásticos em pequenas barras de sabão

Uma nova técnica pode ajudar um dia a converter resíduos plásticos em valiosas matérias-primas

O tempo pode estar chegando para, literalmente, lavar nossas mãos do lixo plástico. Cerca de 60% de todo o plástico já produzido acaba em aterros sanitários ou poluindo o meio ambiente. Apenas cerca de um décimo deste tipo de lixo é reciclado, e grande parte disso acaba sendo material de baixa qualidade reutilizado em coisas como bancos de parque. Portanto, os químicos estão em busca de métodos para “reciclar” o plástico em matérias-primas mais valiosas.

Agora, há um modo de transformar plásticos antigos em surfactantes, conforme relatado por pesquisadores na edição de 10 de agosto da revista Science. Os surfactantes são ingredientes-chave em dezenas de produtos como lubrificantes, ceras para esquis, detergentes e sabão. “Para mim, este tipo de resíduo é basicamente petróleo bruto em terra”, diz o químico Guoliang Liu da Virginia Tech em Blacksburg. “Não precisamos mais ir fundo no oceano ou subterrâneo para extrair [isso]” para criar produtos químicos valiosos.

Os surfactantes e os dois tipos de plástico mais usados, polietileno e polipropileno, são feitos de cadeias moleculares de átomos de carbono. No entanto, as cadeias dos surfactantes são muito mais curtas do que as dos plásticos e terminam com grupos de átomos que atraem água.

Para transformar o plástico em surfactantes, Liu e seus colegas desenvolveram um reator especial que aquece e condensa cuidadosamente estes materiais em uma cera com cadeias curtas de carbono. Ao finalizar as cadeias de cera com grupos de átomos de oxigênio e tratá-las com uma solução alcalina, os pesquisadores transformaram a cera em surfactante. A combinação do surfactante com um pouco de corante e fragrância resultou em pequenas barras de sabão.

No entanto, o plástico reciclado provavelmente ainda não estará limpando sujeiras tão cedo. Os pesquisadores podem produzir apenas cerca de meio grama de surfactante de cada vez. Se Liu e sua equipe conseguirem descobrir uma forma de aumentar o processo, esperam fazer parcerias com a indústria para tornar o resíduo um pouco mais limpo.

Essa abordagem não apenas tem o potencial de transformar um problema ambiental em uma solução inovadora, como também demonstra a adaptabilidade da química para abordar questões urgentes de sustentabilidade. O próximo desafio será identificar como essa técnica pode ser dimensionada de forma eficiente para ir além do laboratório e entrar no domínio industrial. Isso poderia, em última instância, reconfigurar nossa abordagem sobre como lidamos com resíduos plásticos, mudando de uma visão de descarte para uma de reaproveitamento eficaz e valioso.

Dada a crescente crise de resíduos plásticos e os perigos que isso representa para os ecossistemas marinhos e terrestres, é crucial que soluções inovadoras como esta sejam exploradas e implementadas. Afinal, enquanto os pesquisadores ainda estão nos estágios iniciais dessa emocionante jornada científica, o impacto potencial é vasto. A possibilidade de transformar plásticos em produtos úteis e valiosos como surfactantes poderia muito bem ser um divisor de águas no combate à poluição plástica.

“Ilha” de Plástico no Oceano Pacífico Hospeda Ecossistema Singular: Um Refúgio Controverso para a Fauna Costeira

Localizada entre a Califórnia e o Havaí, uma vasta extensão de águas repletas de detritos plásticos, conhecida como a Grande Mancha de Plástico, vem desafiando nossas percepções sobre a resiliência da vida marinha. Com aproximadamente 1,6 milhões de quilômetros quadrados, uma área maior que o estado do Amazonas no Brasil, esta “ilha” não é realmente uma ilha, mas mais uma sopa densa de resíduos plásticos flutuantes, contendo cerca de 79 mil toneladas de detritos.

Embora sua existência seja um atestado lamentável do impacto humano no planeta, a Grande Mancha de Plástico está revelando surpresas ecológicas inusitadas. Contra todas as expectativas, essa massa de lixo está servindo de lar para um ecossistema singular, permitindo a sobrevivência de espécies geralmente encontradas apenas em zonas costeiras. Estes habitantes improváveis estão desafiando as noções convencionais sobre as limitações ecológicas e fisiológicas da vida em alto mar.

De acordo com uma pesquisa recentemente publicada na revista Nature, cientistas analisaram 105 amostras coletadas entre novembro de 2018 e janeiro de 2019. Incrivelmente, descobriram 484 espécimes de invertebrados pertencentes a 46 espécies diferentes. O aspecto mais notável dessa descoberta é que cerca de 80% desses invertebrados são originários de áreas costeiras. Isso sugere que essas espécies encontraram no plástico flutuante um habitat alternativo, algo que se acreditava ser praticamente impossível anteriormente.

O fato desses animais não apenas sobreviverem, mas também se reproduzirem em tal ambiente, é igualmente surpreendente e preocupante. O plástico é quase indestrutível na natureza e, após ser descartado inadequadamente, pode flutuar no oceano por milhares de anos. Este período prolongado está criando oportunidades para o estabelecimento de nichos ecológicos inéditos, mas também levanta questões sobre as implicações a longo prazo desse fenômeno.

Em um sentido paradoxal, enquanto a Grande Mancha de Plástico representa uma cicatriz ambiental causada pelo descarte irresponsável de resíduos, ela também demonstra a extraordinária adaptabilidade da vida marinha. No entanto, não devemos interpretar isso como uma desculpa para a complacência ambiental. Ao contrário, este ecossistema emergente serve como um lembrete gritante da necessidade de tratar do problema global dos resíduos plásticos.

As revelações sobre este ecossistema insólito também geram inquietações profundas sobre a adaptação dos organismos marinhos a ambientes antropogênicos. Será que estamos testemunhando o nascimento de ecossistemas sintéticos, moldados pela influência humana, mas resistentes de formas que ainda não compreendemos completamente? E o que isso significa para a biodiversidade marinha em uma era de perturbação climática e poluição crescente?

Conclusivamente, enquanto a resiliência da vida marinha na Grande Mancha de Plástico é uma fascinante anomalia ecológica, ela não deve desviar nossa atenção da urgência em abordar as causas subjacentes da poluição plástica. Este ecossistema único, e francamente bizarro, serve como um espelho distorcido que reflete tanto a complexidade incompreensível da vida marinha quanto a extensão do impacto humano sobre ela. É um apelo silencioso, mas eloquente, para a ação consciente e responsável em relação ao nosso planeta.

Veja também: https://curiosologia.com.br/2023/08/17/dna-novo-ancestral-e-surpresas/

organizador, caixa de armazenamento, impermeável, alta capacidade, à prova de poeira, soco-livre, rolo de Oapel, casa suprimentos

Deixe um comentário